sábado, 10 de fevereiro de 2007
Teologia da Prosperidade: religião ou exploração [versão completa]
[Aqui disponibilizamos o artigo completo. A versão condensada está em HORIZONTE – LEITURA HOLÍSTICA Nº 04.]
Devido à grande repercussão causada em janeiro último pela prisão nos EUA dos fundadores da Igreja Renascer (organismo de tendência neopentecostal), por evasão de divisas, entre outras acusações, muitos leitores sugeriram que tratássemos do assunto. Na verdade, a atitude criminosa que envolve esta organização e outras similares existentes no Brasil e em outros países é trabalho para a polícia, não para esta publicação, que, outrossim, repudia qualquer descumprimento das leis que regem uma nação.
Contudo, este fato reflete um aspecto obscuro da atividade de tais “igrejas” até agora pouco conhecido de quem não é evangélico: a teologia da prosperidade. Esta idéia sustenta organizações que parecem mais criminosas do que religiosas.
Queremos deixar claro aqui que esta prática não corresponde à atitude de todos, nem mesmo da maioria dos milhões de evangélicos do mundo, em sua maioria pessoas de bem, trabalhadoras, lutadoras como os praticantes de quaisquer outras religiões. Não há, portanto, neste artigo, qualquer objetivo de diminuir a religião cristã, especialmente em sua linha “evangélica”, como é mais conhecida popularmente. A acusação de preconceito, por isso, não cabe à natureza do presente artigo.
Quando Calvino afirmou que “a riqueza é sinal dos eleitos”, isso incentivou algumas seitas cristãs a deduzir que isso distinguiria os “salvos” dos “perdidos”: a riqueza material. Esta ideologia deturpada, nascida nos EUA, mas agora espalhada pelo mundo, ficou conhecida pelo nome de “teologia da prosperidade”. Sua base é o versículo 10 da passagem do Bom Pastor no Evangelho de João: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” [João 10.10]. Seus adeptos o interpretam no sentido de que Deus deseja que tenhamos muitas riquezas na vida material, não no Paraíso.
Contudo, a seguinte passagem bíblica parece contestar definitivamente a teologia da prosperidade:
"Observai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. Mas eu vos digo que nem Salomão com toda a sua glória se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, gente de pouca fé! Por isso não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Com que nos vamos vestir?’ São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo" [Mateus 6.28-33].
Para os adeptos da teologia da prosperidade, entretanto, a idéia é “doe e receba muito mais, doe em dobro e receberá em dobro, doe tudo o que tem e receberá uma fortuna”. Deus foi rebaixado a um mero banqueiro celeste, um investidor invisível, cujos agenciadores são falsos pregadores, travestidos de pastores evangélicos.
Ou alguém acha que podem ser considerados pregadores, pastores ou sacerdotes indivíduos que incutem nas mentes incautas uma nítida relação de troca com Deus? Essa religião é humana (e o pior do humano), não divina. A Igreja Católica agiu de forma similar na época das indulgências que deflagraram o protestantismo, e por muito tempo se ouviu histórias de venda de “cadeiras no céu”. Mas parece que a cota delas acabou. Hoje é uma ala protestante, a dos neopentecostais, que age por estes meios.
O que mais choca é que esta doutrina considera todas as fatalidades, pecados, pobreza, doenças e injustiças sociais como resultado da ação do Diabo, e não da ação inconseqüente e não solidária do homem, que parece eximido de suas responsabilidades, sendo o Diabo o único culpado.
Mas não pensem que não há, mesmo entre as igrejas evangélicas, quem ataque ferrenhamente tal pseudo-teologia. Os que a repudiam são tão veementes quanto os que a defendem. Sinal de que nem tudo está perdido.
Ao ser entrevistado pela revista evangélica “Vinde”, o pastor Russell Philip Shedd fez uma declaração bastante objetiva sobre o assunto:
"Temos assistido a inúmeras dissidências entre pastores e suas igrejas. Muitos saem para fundar seus próprios ministérios. Por que isso acontece com tanta freqüência? Uma das principais motivações é a financeira. Percebe-se que, quando o pastor de uma própria igreja se dá conta que sua capacidade de juntar pessoas que vão contribuir, sua vida vai melhorar ele sai e funda outro ministério. Em segundo lugar: discordância com o líder. Ele acha que está mais certo do que seu superior, então surge o conflito e ele sai."
Isto equivale a dizer que, nestes casos, a doutrina e a fé não motivam mais a criação de novas igrejas, só o dinheiro. Estas igrejas se assemelham a empresas comerciais, cujo objetivo maior é o lucro.
O sociólogo Ricardo Mariano, que estuda há anos o fenômeno pentecostal brasileiro, acredita que a remuneração é vista como natural pelos fiéis porque ela conduz a um estado de prosperidade e liderança que eles mesmos anseiam para si. Isso transforma as coisas em uma escada ou numa pirâmide, onde muito poucos são os beneficiados. Comercialmente falando isso já seria uma injustiça. Mas estamos falando de religião, não de comércio! Os evangélicos sinceramente religiosos não compactuam com essa atitude criminosa.
Em matéria para a revista “Vinde”, o sociólogo disse, a respeito do fato dos fiéis destas igrejas acreditarem que o pastor deve ser sempre alguém rico:
"Líderes pentecostais de igrejas bem-sucedidas tendem a ter um excelente padrão de vida, pois a administração da obra está integralmente em suas mãos. É fácil observar quem tem este poder totalitário, pois a coisa é tratada como negócio de família, e passa de pai para filho."
A posse de bens não é um mal em si, mas coloca o possuidor na posição de responsável pelo bem estar do próximo, de sua comunidade. Não é o que a maioria destes pastores faz. Pelo contrário, sonegam impostos e evadem divisas do país, utilizando os próprios “fiéis” (agora “sócios”) como seus “laranjas”.
As origens da deturpação
Vários foram os nomes influentes na história da Teologia da Prosperidade. O mais antigo talvez seja Essek William Kenyon (1867-1948), que pregou nos EUA entre os anos de 1930 e 1940 e que parecia ter quase nenhum conhecimento teológico formal. Simpatizava com Mary Baker Eddy, fundadora da “Ciência Cristã”, que prega a não existência da matéria e da doença, pois tudo dependeria da mente. Passou por várias igrejas protestantes até ficar sozinho, e teria sofrido influência de seitas metafísicas como “Ciência da Mente”, “Ciência Cristã” e “Novo Pensamento”, origem do “Movimento da Fé”, que afirma que tudo o que pensamos se torna realidade.
Seu discípulo, Kenneth Hagin, nascido em 1918, depois de passar por várias doenças e miséria, diz ter se convertido após visitar o inferno por três vezes. Teria recebido aos 16 anos uma revelação divina ensinando que se pode obter tudo de Deus, desde que determinado em voz alta, sem duvidar, mesmo que pareça impossível. Essa é a origem da chamada “confissão positiva” dos movimentos neopentecostais. Passou por várias igrejas, até fundar aos 30 anos o seu próprio ministério, o Instituto Bíblico Rhema. Chegou a ser acusado de ter plagiado os livros de Kenyon, pelas semelhanças, mas jurava que elas se deviam ao fato de ter recebido tudo diretamente de Deus.
Um seguidor atual de Hagin, Kenneth Copeland, afirma que “Satanás venceu Jesus na cruz”. Afirma ter lhe sido revelado que as mulheres originalmente deveriam dar à luz pelo lado de seus corpos. Tem arrebanhado muitos fiéis com sua pregação.
As bases da Teologia da Prosperidade
Esta forma deturpada de visão bíblica tem como pilares três pontos muito controversos, segundo acreditam os especialistas em hermenêutica bíblica: a autoridade espiritual, a saúde e a prosperidade, a confissão positiva.
Hagin crê que Deus dá autoridade a profetas modernos, seus porta-vozes. Os demais evangélicos (os não pentecostais) dizem que os profetas cessaram nos tempos de João (Mt 11.13) e que o dom da profecia não é sinal de autoridade profética. Também contestam o valor das experiências pessoais dos pastores e “profetas” como figura de “autoridade” na pregação.
Curiosamente, um ensinamento de fundo gnóstico e muito citado pelos adeptos do movimento conhecido como “Nova Era” aparece nos escritos de Hagin e Copeland:
“Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi (...). [Hagin, Word od Faith] Eis quem somos: somos Cristo! [Hagin, Zoe: A própria vida de Deus] Você não tem um deus dentro de você. Você é um Deus. [Kenneth Copeland, The force of love]”
Ainda que os gnósticos cressem nisso, hoje a idéia é usada de modo deturpado e com vistas à manipulação da mente alheia.
Os adeptos da Teologia da Prosperidade acreditam não só que o cristão tem direito à saúde e às riquezas, como doença e pobreza são sinais inequívocos de falta de fé. Esquecem dos cristãos martirizados e pobres dos primeiros tempos. Seriam eles derrotados?
Para tais fanáticos, se o cristão não tem vida plena, sem doenças, se não vive até 70 ou 80 anos sem dor, miséria ou dificuldades, é porque não tem fé suficiente. Esquecem que Paulo apóstolo viveu doente, que Timóteo teve uma doença crônica (1 Timóteo 5.23) e que muitos cristãos importantes eram miseráveis.
A Bíblia não incentiva a riqueza nem a proíbe. Mas os adeptos da Teologia da Prosperidade dizem que o crente, para ser bem sucedido perante os homens e perante Deus, deve ter do bom e do melhor (carro novo, mansão, roupas caras, luxo puro), coisa que Jesus nunca possuiu. E Paulo apóstolo diz que aprendeu a se contentar com o que tinha!
Mas o maior descalabro é a “Confissão Positiva”, misto de “poder da mente”, “neurolingüística”, fé distorcida, falta de humildade perante Deus, manipulação mental-emocional e oportunismo. Suas “fórmula” básica é:
Dizer a coisa (positiva ou negativamente, conforme a pessoa); fazer a coisa (conforme a ação, a pessoa recebe ou é impedida); receber a coisa (a fé é o pilar, a conexão com a graça); contar a coisa, para que outros creiam (o testemunho - aí entra a manipulação, como se pode observar nos cultos transmitidos pela televisão).
Para fazer a “confissão positiva” não se usa palavras como “peço”, “rogo”, “suplico”, mas outras como “exijo”, “decreto”, “determino”. Para Benny Hinn, dizer “se for da tua vontade” destrói a fé! Mas não foi o que Cristo disse na cruz (Mateus 26.39,42)?
A prosperidade espiritual deveria vir em primeiro lugar, mas o que a Teologia da Prosperidade prega é a riqueza material em detrimento da espiritual. Isso fica evidente nos testemunhos televisionados, nos “congressos para empresários”, nas vigílias de prosperidade e coisas do gênero. O “negócio” de Deus gera cada vez mais fundos terrenos! Ser pobre não é um pecado, mas resultado da injustiça social do mundo. Por outro lado, ser rico não é sinal de pureza ou santidade. Considerar o pobre um “maldito” como fazem os adeptos desta deturpação teológica, e o rico como “abençoado”, pode levar a discrepâncias terríveis. Pode levar a depressão e suicídio pessoas fracas demais para suportar a alcunha de “amaldiçoados” ou “derrotados”. Isso não se encaixa mais no direito constitucional de livre prática religiosa, mas deveria ser tratado, em muitas situações, como caso de polícia. E é o que tem acontecido algumas vezes, como tem noticiado a mídia.Não disse Jesus que é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico (seja pastor ou não!) entrar no reino dos céus?
A teologia da prosperidade prega uma forma de avareza, e a avareza é considerada idolatria (Cl 3.15), uma adoração que torna a pessoa escrava do dinheiro e do status que ele representa. E como fica o status perante Deus? O Novo Testamento diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal (1 Timóteo 6.10).
Os teólogos evangélicos anti-teologia da prosperidade dizem que os adeptos da mesma usam trechos isolados da Bíblia para justificar suas heresias, assassinando a hermenêutica (interpretação) dos textos sagrados. As deturpações incluem afirmar que Jesus era muito rico, quando a Bíblia diz que se fez pobre; que o crente deve ter muito dinheiro, quando a Bíblia diz que ele é a raiz do mal; que as dificuldades são sinais de falta de fé, quando a Bíblia diz que nas lutas é que a fé é testada; que se deve desejar as mesmas coisas caras e luxuosas dos outros, quando a Bíblia chama isso de cobiça; que, sendo “filhos do Rei”, devemos ter do bom e do melhor, quando o próprio “Rei” se fez servo para dar uma prova de humildade e do que realmente importa para Deus; que os pastores devem prosperar financeiramente, quando a Bíblia condena o enriquecimento em nome de Deus.
E o descalabro não pára por aí. Vai a níveis inimagináveis de manipulação. Se chega ao ponto de vender “óleos abençoados” que podem fazer de tudo: desde eliminar doenças sem cura até fazer com que o botijão de gás de uma família pobre dure mais tempo (o relato é verídico e nos foi passado por um fiel de uma igreja neopentecostal)!
Há 20 anos atrás, a pregação pentecostal era de humildade e desapego das riquezas. Agora, os neopentecostais transformaram suas igrejas em empresas bem sucedidas, onde encontrar Cristo é como ganhar na loteria. Para eles, Cristo pregou aos pobres para que eles deixassem de ser pobres materialmente, embora não haja um só versículo bíblico que embase essa idéia.
Os “ricos” homens de Deus
O Brasil tem cerca de 25 milhões de crentes (15% da população), liderando a América Latina em número de evangélicos. Essa conversão geométrica é devida à atividade das igrejas pentecostais, em especial da Igreja Universal do Reino de Deus, o “negócio da fé” que mais cresce no Brasil.
Os cultos desta igreja servem para angariar dinheiro, prometer prosperidade, afastar demônios e promover “curas” em pessoas “desenganadas” pela medicina. Alia visivelmente práticas que ela mesma condena como sendo “pagãs” ou do Diabo, vindas do catolicismo popular e da Umbanda: distribuição de “fitas” de prosperidade, sal grosso, sabonetes, espadas, lâmpadas de “Deus” [de uma marca bem conhecida!], chaves, rosas, lenços, óleo bento, descarrego com arruda, água benta, pontos riscados chamados “pontos de luz” [em nada diferentes dos pontos riscados da Umbanda e da Quimbanda], etc.
E quem são as pessoas que lotam igrejas deste tipo? Geralmente pessoas pobres, sem escolaridade, desempregadas, doentes, viciadas em álcool ou drogas pesadas, supostamente “possuídas” pelo Diabo e, na maioria, cuja família sofre uma desintegração completa. Ou seja, pessoas que realmente precisam de ajuda, mas que, por omissão dos bons que poderiam fazer alguma coisa, caem presas de indivíduos inescrupulosos e ambiciosos, capazes dos maiores absurdos em nome do dinheiro. Divulgam suas idéias por todos os meios que a moderna tecnologia permite: jornais, livros, emissoras de rádio, canais televisão e a internet, a mídia emergente mais poderosa atualmente. Assim, estão conquistando pessoas de camadas mais altas da sociedade e mesmo fiéis de outras denominações cristãs e mesmo de outras religiões.
Mas, antes que a crítica venha a nos rebater, é importante esclarecer que nem todos os evangélicos estão apáticos quanto ao perigo de tal teologia às avessas. Três exemplos são os livros Supercrentes (Ed. Mundo Cristão), do pastor e pesquisador Paulo Romeiro; O Evangelho da Prosperidade, do Dr. Alan Pieratt, teólogo Ph.D. em Ciência da Religião e professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo; O Evangelho da Nova Era, do pastor, teólogo e pensador cristão Ricardo Gondim. Todos combatem a Teologia da Prosperidade com tal veemência que as igrejas neopentecostais proíbem seus membros de ler tais livros, por motivos óbvios!
Os principais pregadores da Teologia da Prosperidade no Brasil são: Valnice Milhomens (líder do Ministério Palavra da Fé); Cássio Colombo (fundador do Ministério Maná Cristo Salva, ligado às Igrejas Maná de Portugal, que são lideradas pelo polêmico Pastor Jorge Tadeu); R. R. Soares (cunhado de Edir Macedo e fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, uma divergência da Igreja Universal do Reino de Deus); Edir Macedo (fundador e bispo primaz da Igreja Universal do Reino de Deus e da Editora Universal Produções); vários outros, como Jerônimo Onofre da Silveira, Cristiano Netto, Jorge Linhares, Rinaldo de Oliveira e Robson Rodovalho, dos quais uma busca rápida na internet revela muita coisa.
Cristiano Netto, que se auto-intitula “profeta da prosperidade”, no livro Como Prosperar em Tempos de Crise declara: "O Senhor me entregou um ministério específico de ensinar o povo de Deus a prosperar(...) portanto, prepare-se para ser cheio de uma nova unção de riso e prosperidade. (...) mais uma vez, como profeta da prosperidade para esses dias de crise, eu afirmo: Deus está interessado no bom andamento de suas finanças". (págs. 17,18, 20). Qual a diferença entre a doutrina de um pastor como esse e a neurolingüística do Dr. Lair Ribeiro? Deixamos ao leitor a resposta.
Para Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, absolutamente toda a doença vem do diabo, o que não é corroborado por uma só passagem bíblica que seja. É uma heresia cristã e pura ignorância teológica! A barganha com Deus não é um meio bíblico conduzente à salvação! Também não prevê que, quanto mais se doe para a “igreja”, como ensinou Kenneth Hagin, mais se receba de Deus. Acaso Deus é o fiador dos pastores? Se o for, está muito endividado com os homens agora.
O que os pastores da Teologia da Prosperidade oferecem ao público, assim como também os ícones do pensamento positivo, do poder da mente, da neurolingüística, etc., são simplesmente manuais de condicionamento mental. Contudo, no caso dos “mestres” do poder mental e da neurolingüística fica claro que os cursos são pagos (e caros!), que os livros são o que enriquecem seus autores e que as pessoas devem adaptar suas mentes às condições propostas pelos programas. Não é o caso da Teologia da Prosperidade, que envolve religião e, em nome de Deus e Jesus Cristo explora os fiéis sem lhes garantir qualquer benefícios pois, a mais das vezes, as promessas são engodos vergonhosos.
Diversos fiéis, sentindo que foram enganados, já abriram processos contra estas empresas travestidas de igrejas cristãs. A campeã em processos é a Igreja Universal do Reino de Deus, que já foi expulsa de diversos países sob várias acusações, inclusive de “cultos satânicos”. O que pensar de um fiel que doou dois apartamentos à igreja esperando que Deus, lhe devolvendo em dobro, lhe presenteasse com quatro imóveis? Parece oportunismo, conforme se defendem os pastores da Igreja Universal, mas podemos dizer que se trata mais de acomodamento e imediatismo, aliás, incitado nas pregações destes mesmos pastores. Conclusão: estão eles a provar do próprio remédio... ou veneno! Afinal, o desejo por sucesso fácil domina tanto a cena da elite neopentecostal quanto a da população em geral, cristã ou não, que a cada dia cai num fosso de materialismo sem par, sem consciência e sem solidariedade. O egoísmo ganha terreno e Deus está sendo chamado a compactuar com essa loucura humana!
Não pensem que absurdos equivalentes não acontecem nos grupos ligados ao “poder da mente” ou no movimento chamado “nova era”, ou entre os que se dizem conectados aos “mestres da grande fraternidade branca”, e assim por diante. Visões equivocadas existem em todos os lugares.
Não é a questão de se pregar a miséria ou o conformismo. É o contrário: devemos trabalhar para vencer as dificuldades materiais e cobrar das forças da sociedade a resolução dos problemas que afligem a humanidade inteira. Mas sem subterfúgios, sem charlatanismo, sem exploração do outro e sem oportunismo. Ambição desmedida leva à desgraça sempre. Vender ou doar até o que não se tem para qualquer indivíduo, grupo ou organização em nome de um suposto “benefício material” vindo de Deus é ignorância e não conduzirá ao objetivo, mas a mais problemas. Por que se faz necessário falar do óbvio? Porque na loucura da vida difícil de hoje, muitos já se esqueceram de que o mundo espiritual não é um banco com crédito ilimitado. A terra ainda precisa ser lavrada, os produtos precisam ser manufaturados e os serviços continuam tendo que ser executados, e tudo por seres humanos. Isso é o que gera riquezas, princípio básico da economia. Envolver Deus, Cristo, o Buda, Alá ou Krishna nesta negociação é heresia aos olhos religiosos e ignorância ou má-intenção aos olhos do bom senso.
Os opositores
Para os leitores interessados em mais informações sobre o assunto tivemos o cuidado de escolher alguns sites evangélicos que combatem claramente a Teologia da Prosperidade. Uma leitura rápida dos tópicos destes sites demonstrará o quanto esta doutrina se desvia do que está na Bíblia:
1 - http://www.igrejasementedavida.com.br/
2 - www.icmbrasil.org/teoprosp.htm
3 - www.eunascidenovo.com.br/estudos/estudos14.htm
4 - www.ebdweb.com.br/licoes/licao10_0206.htm
5 - www.sosjustica24horas.org/damazio/teologia_da_prosperidade.htm
6 - www.teologiabrasileira.com.br/Materia.asp?MateriaID=245
7 - www.iaene.br/salt/exegetica/2005-1/A%20cruz%20e%20a%20teologia.htm (contém ótimo artigo intitulado “A cruz e a teologia da prosperidade”, de Érico T. Xavier, D. Min., pastor adventista em Santa Catarina)
8 - www.metodistalivre.org.br/Artigos
9 – Site espírita criticando a Teologia da Prosperidade:
http://www.palavraespirita.com.br/palavra_107/pe_107_conteudo.php?texto=1
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